Casal acusado de matar menina de 2 anos em Manaus vai a júri popular, decide Justiça
10/10/2024
Caso repercutiu no programa Linha Direta, em maio de 2023. Acusados agrediram a criança com diversos socos, tapas e golpes de cabo de um esfregão. Para tentar ocultar o crime, o corpo foi enterrado em Autazes, no interior do Amazonas. Linha Direta divulga caso da menina Lorena Ferreira Rodrigues, morta e esquartejada em Manaus
Reprodução/Rede Globo
John Lenon Menezes Maia e Ana Beatriz Barbosa Guimarães, acusados da morte da menina Lorena Ferreira Rodrigues, que tinha 2 anos, irão a júri popular, segundo decisão do Tribunal de Justiça do Amazonas, nesta quinta-feira (10). O caso repercutiu no programa Linha Direta, em maio de 2023.
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Segunda a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM), na ocasião do crime, em 2022, os dois acusados agrediram a criança com diversos socos, tapas e golpes de cabo de um esfregão, ocasionando a morte da pequena.
Para tentar ocultar o crime, o corpo da criança foi colocado em uma mochila e levado por Beatriz para Autazes, no interior do Amazonas, onde foi enterrado em cova rasa, no quintal do pai da acusada, avô da vítima.
A denúncia do MPAM foi oferecida no dia 16 de junho de 2023 e aceita pelo juízo da 2.ª Vara do Tribunal do Júri em 26 de julho do mesmo ano.
Após a fase de instrução processual, com a audiência de instrução e julgamento, a defesa e acusação apresentaram os memoriais e o magistrado pôde decidir, optando pela decisão que leva os réus a júri popular.
John Lenon e Ana Beatriz, que estão presos, serão julgados por homicídio qualificado. Na mesma decisão, o magistrado manteve a prisão preventiva dos réus.
Da decisão de Pronúncia cabe recurso e somente após o trânsito em julgado é que o processo poderá ser pautado para julgamento em plenário.
O caso
De acordo com a delegada Joyce Coelho, titular da Depca, a vítima foi morta por Ana Beatriz e por John Lenon, entre os dias 22 e 23 de março de 2022, no bairro Compensa, Zona Oeste de Manaus.
A delegada relembrou que Ana Beatriz foi presa em flagrante no dia 28 de março de 2022, por ocultação de cadáver e cumpriu dois meses de reclusão, sendo um mês no município de Itacoatiara (a 176 quilômetros de Manaus) e um mês em Manaus, e foi liberada posteriormente.
“Na ocasião desta prisão, ela negou ser responsável pela morte de Lorena, alegou que a criança teria morrido de causas naturais e disse que teria ficado assustada devido ao ocorrido, por isso enterrou o corpo da criança. Entretanto, o laudo médico apontou uma série de maus-tratos que a menina teria sofrido e a causa da morte teria sido traumatismo craniano”, falou.
Conforme a titular, no dia em que Ana Beatriz foi presa, John Lenon chegou a se apresentar na Depca, prestou declarações e imputou os maus-tratos à mulher, negando que teria participação na ação criminosa.
“Em depoimento, na época, ele contou que levou a criança com vida para o porto e que Ana Beatriz teria embarcado sozinha para Autazes, não sabendo alegar em que momento Lorena foi morta. Por isso precisávamos esclarecer essas informações”, disse.
Ainda segundo a delegada, as equipes conseguiram imagens de monitoramento que constataram que John Lenon saiu do trabalho por volta das 11h do dia 23 de março de 2022.
Nas gravações obtidas pela polícia, John Lenon saiu em uma motocicleta, carregando uma mochila vazia, e foi até à residência de Ana Beatriz para buscá-la. Eles seguiram em direção ao porto da Ceasa, com o corpo de Lorena dentro da mochila.
“A criança estava sem vida no momento em que os suspeitos se deslocaram para Autazes, constatando que a versão apresentada por ele seria inverídica. Então as investigações foram evoluindo e conseguimos com que o mandado de prisão preventiva da Ana Beatriz fosse expedido”, falou a delegada.
A delegada contou, ainda, que no novo depoimento, Ana Beatriz confessou participação no crime e descreveu tudo o que ocorreu antes e no momento da morte da criança, que foi vítima de constantes torturas praticadas por John Lenon.
“A mãe de Lorena havia a deixado sob os cuidados do casal e, ao longo dos meses, a menina foi vítima de frequentes episódios de maus-tratos. No dia 22 de março, conforme relatado pela criminosa, os dois haviam agredido a criança fisicamente e ela passou a desmaiar e acordar, em consequência das agressões”, disse.
A delegada concluiu dizendo que, por volta das 10h do dia 23 de março, a tia da criança acordou e constatou que a menina estava sem respiração, momento em que ligou para o criminoso para que eles decidissem o que fariam com o corpo dela.
“Ele enrolou o corpo da vítima em um lençol e as colocou em uma mochila. Segundo ela, John Lenon teve a ideia de atirar a mochila dentro do rio, entretanto, ela negou. Por isso, eles seguiram caminho até Autazes e se hospedaram na casa do pai dela, onde enterraram o corpo da menina no quintal da residência”.