Mãe de menino morto após ser agredido em escola diz que filho queria ‘ficar forte’ para defender amigos menores de bullying

  • 29/04/2024
(Foto: Reprodução)
Michelle fala pela primeira vez sobre a morte do filho e relata rotina de agressões na escola. Aluno que morreu depois de ser agredido dentro de escola sofria bullying há meses Ao menos 40% dos estudantes brasileiros dizem ter sofrido algum tipo de bullying, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022. Mas, afinal, o que é bullying, chamado na legislação brasileira também de intimidação sistemática? 💬 De acordo com o especialista Hugo Monteiro Ferreira, o bullying se característica quando se quer destruir aquilo que não é igual a você. “Aquilo que não é espelho, que não é seu semelhante”, diz. E a prática desse bullying pode ter causado a morte de Carlos Teixeira, o Carlinhos. Aluno do sexto ano de uma escola pública, que dançava break, adorava ir ao sítio e, mais recentemente, aprendeu a andar de patins. “Meu filho era um garoto muito, muito doce. A vida dele era jogar no computador. Não saía para a rua, ficava só jogando”, diz Michele de Lima Teixeira, mãe de Carlinhos. Nos últimos meses, a vida do menino mudou bastante. Ele saiu de um colégio e estava estudando na Escola Estadual Julio Pardo Couto, em Praia Grande, no litoral paulista. Carlinhos contou para a mãe que achou a escola muito diferente da anterior e o motivo era a violência que acontecia lá dentro. Mas, por ser o maior da turma, queria ficar forte para poder defender os colegas menores dos agressores. “Ele falou pra mim que não podia entrar no banheiro, porque quem vai para o banheiro apanha”, relata a mãe. Pela primeira vez desde que perdeu o filho, Michele decidiu falar. Ela recebeu a equipe do Fantástico na casa de parentes porque não conseguiu voltar para a própria casa, onde vivia com Carlinhos, o marido e a filha. Ela conta que o filho sofreu uma agressão física dentro da escola em março e, na ocasião, a família quis tirar ele de lá. “Foi por causa de um pirulito. O menino arrancou da mão dele e, quando ele pediu de volta, o menino deu dois socos no nariz dele. O arrastaram pelo pescoço e foi para dentro do banheiro, onde fizeram aquele vídeo”, relata. Vídeo mostra agressão contra Carlinhos, dentro da escola. TV Globo/Reprodução Carlinhos contava tudo à família. Os pais procuraram a direção do colégio, exigindo providências e falaram em tirar Carlinhos de lá. “Ele falou assim: ‘Mãe, eu não quero sair porque eu sou o maior da minha turma’. Falava isso porque os amigos dele eram menores, pequenininhos, e ele era grandão pela idade que tem. Ele falou que queria defender os amigos. Ele falou: ‘mãe, eu quero ficar forte. Quero correr. Corre comigo’. Eu falei que ia correr com ele, mas não corri”, disse a mãe. Carlinhos completou 13 anos dois dias antes da sua morte. Estudante Carlinhos tinha 13 anos quando foi atacado por colegas dentro da escola. TV Globo/Reprodução Agressão O adolescente estava dentro da sala de aula quando, segundo os pais, a constante perseguição chegou ao seu extremo: dois estudantes pularam com violência nas costas dele. O pai de Carlinhos gravou um vídeo com o filho, já em casa. Nele o adolescente reclama de dores. “Quando eu respiro, dói as costas”, disse, aos prantos. No dia da agressão, Carlinhos disse ao pai que estava com dificuldade de respirar. TV Globo/Reprodução Os pais correram com o menino para o Pronto-Socorro Central de Praia Grande, administrado pela prefeitura. Ele foi atendido e liberado cinco vezes. “Meu filho não fez um exame de urina, não fez nada. Meu filho gemendo por falta de ar, sem respirar”, relembra a mãe. Ele foi levado, então, para outro posto de saúde municipal. Mas não melhorou. A prefeitura informou que abriu um “processo administrativo para apurar os procedimentos adotados nos atendimentos. E se for constatada alguma irregularidade, as providências cabíveis serão tomadas”. O adolescente foi internado na UTI da Santa Casa de Santos e, sete dias depois das agressões, teve três paradas cardíacas e morreu. “Eu só estou aqui de pé por Deus porque eu sei onde o meu filho está. Meu filho está com Deus”, diz a mãe. Michelle, mãe de Carlinhos, falou ao Fantástico sobre a rotina de agressões que o filho sofria. TV Globo/Reprodução Investigação A polícia já ouviu dez pessoas. Entre elas, a vice-diretora da escola, professores e dois suspeitos, que são menores e estavam acompanhados de parentes. Os investigadores já têm os nomes da maioria dos alunos que participaram das agressões contra Carlinhos. O inquérito apura se houve homicídio com dolo eventual, que é quando a pessoa assume o risco de matar. A polícia aguarda o resultado da perícia, para definir o que ocasionou a morte. “Falta definir se a morte se deu em decorrência dessas agressões que ele possa ter sofrido ou se foi uma causa independente”, diz o delegado Alex Mendonça. A mãe diz acreditar que a culpa é da escola. “Um adulto vê as crianças apanhando, não só o meu filho, e fechar os olhos, fingir que nada aconteceu”, fala. ‘Grupinho do Terror’ Adolescente diz que alunos fazem parte de "grupinho do terror", que pratica bullying contra outros estudantes TV Globo/Reprodução Os estudantes suspeitos de agredir Carlinhos fazem parte de um grupo que já atacou outro aluno no banheiro da mesma escola. “Foram sete pessoas: duas pegaram pelo meu braço e os outros cinco começaram a me bater. Lá não tem câmera. Eles têm um grupinho chamado ‘Grupinho do Terror’”, disse o estudante ao Fantástico. Segundo ele, a direção conhece o grupo e não faz nada por ter medo deles. A mãe do aluno conta que o bullying começou desde que ele entrou na escola há pouco mais de 1 ano. “Eu relatei várias vezes para a subdiretora, para pedagoga, para o diretor. Nunca ninguém tomou nenhuma providência. Eu já tirei o meu filho dessa escola e não quero mais ele por lá”, conta. O menino conta que não quer mais sair de casa e que está apavorado com o que aconteceu. Governo de SP diz que estudante saiu 'aparentemente bem' da escola O gestor do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Thomás Resende, diz que a pasta instaurou uma comissão para apuração dos fatos e eventuais responsabilidades. “A gente está no início dos trabalhos, mas a realidade atual é de que nenhuma evidência, nem por vídeo monitoramento, nem por oitivas realizadas, trazem informação de que aconteceu alguma coisa dentro do ambiente escolar no dia 9 de abril.” Segundo ele, a secretaria tem a imagem do estudante saindo da escola “aparentemente bem”. Thomas diz que as escolas estão em processo de construção de um plano de convivência. “A gente trabalha com a questão de proteção escolar, com a melhoria da convivência, que é sem dúvida alguma a nossa principal preocupação. Para que cada vez mais nós consigamos desenvolver esse estudante, a ponto de eles se perceberem pertencentes e colaboradores na construção desse ambiente escolar saudável”, completa. Ouça os podcasts do Fantástico ISSO É FANTÁSTICO O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1, Globoplay, Deezer, Spotify, Google Podcasts, Apple Podcasts e Amazon Music trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo. PRAZER, RENATA O podcast 'Prazer, Renata' está disponível no g1, no Globoplay, no Deezer, no Spotify, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, na Amazon Music ou no seu aplicativo favorito. Siga, assine e curta o 'Prazer, Renata' na sua plataforma preferida. BICHOS NA ESCUTA O podcast 'Bichos Na Escuta' está disponível no g1, no Globoplay, no Deezer, no Spotify, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, na Amazon Music ou no seu aplicativo favorito.

FONTE: https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2024/04/28/mae-de-menino-morto-apos-ser-agredido-em-escola-diz-que-filho-queria-ficar-forte-para-defender-amigos-menores-de-bullying.ghtml


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